O ácido úrico é uma substância naturalmente encontrada no nosso organismo. Podemos chamá-lo também de urato, já que 99% são encontrados nessa forma. Cerca de 2/3 da nossa produção diária acontece dentro do nosso corpo, a partir da degradação de células e outros processos metabólicos. O terço restante vem de alimentos que têm alto teor de purinas, uma proteína que no final do processo de digestão/metabolização se transforma em urato. No reino animal, temos as carnes em geral, especialmente a carne vermelha, as vísceras/miúdos e os pescados/frutos do mar. No reino vegetal, têm uma boa concentração de purinas as leguminosas, o espinafre, o aspargo e os cogumelos.
Quando o ácido úrico aumenta muito no sangue, acaba se acumulando em algumas articulações levando a uma doença chamada gota. Esse aumento pode tanto ser pelo consumo excessivo dos alimentos que tem uma concentração alta de purina, como pela produção interna do organismo e pelo nível eliminado pelos rins, o principal órgão de excreção.
O aumento do ácido úrico sanguíneo também é influenciado por outros fatores, como uso de determinados medicamentos, e – muito importante – pela presença de algumas doenças, como pressão alta, diabetes, doenças renais e dislipidemias. A obesidade, por sua vez, também é um grande fator, pois faz nosso corpo produzir mais ácido úrico, ao mesmo tempo que reduz a eliminação do mesmo pelos rins. As bebidas alcoólicas e muito açucaradas (refrigerantes, sucos em pó, chás ultraprocessados e afins) fazem a mesma coisa.
É importante dizer que existe uma grande diferença entre a ingestão excessiva de purinas derivadas do reino animal e do reino vegetal. A literatura científica diz que os alimentos de origem vegetal ricos em purinas podem até elevar os níveis de ácido úrico no sangue, mas elas não aumentam o risco de desenvolver gota.
Ainda hoje ouvimos recomendações de alguns profissionais que proíbem o consumo de leguminosas quando a pessoa está com ácido úrico elevado e/ou tem gota, algo sem fundamento.
A grande questão é a ingestão de carnes, especialmente a vermelha, que, além de ser uma super fonte de purinas (que serão transformadas em ácido úrico) são fontes de gordura saturada, que atrapalham o trabalho dos rins para eliminar o urato, além de piorarem a saúde cardiovascular.
Assim, procure manter o ácido úrico o mais baixo possível adotando uma alimentação totalmente integral, vegetal, natural, colorida, variada e sem alimentos industrializados (ou que sejam consumidos muito esporadicamente). Evite as bebidas alcoólicas e elimine o máximo que puder – se possível completamente – refrigerantes e sucos artificiais. Isso certamente ajudará no controle de peso, na manutenção dos níveis de colesterol e da pressão sanguínea além de, com certeza, ajudar o metabolismo como um todo a trabalhar de forma equilibrada. Siga consumindo leguminosas diariamente, já que são fontes importantes de proteínas, bons carboidratos, fibras, vitaminas e minerais. Espinafre, aspargo e cogumelo podem ser rodiziados com outras verduras e legumes.
Quem tem alteração nos níveis de ácido úrico pode se beneficiar bastante de um acompanhamento com um nutricionista!
Comments